O glúten nunca despertou tanta atenção como nos últimos tempos. Não me lembro de uma proteína ter sido tão condenada antes. É isso mesmo que você leu: proteína! O glúten nada mais é do que a proteína presente no trigo, aveia, cevada e centeio.
Naturalmente agora você deve estar se perguntando porque essa proteína tem sido tão condenada. O fato é que algumas pessoas são portadoras de uma doença crônica chamada Doença Celíaca. Os portadores dessa doença desenvolvem uma resposta imunológica atípica à presença do glúten no intestino, o que provoca sintomas como diarreia, dor abdominal e déficit no crescimento (no caso de crianças). Essas pessoas precisam excluir os alimentos que possuem glúten em sua composição, o que alivia os sintomas. E é pela gravidade dessa doença, que os fabricantes de alimentos são obrigados a colocar nos rótulos a informação “contém (ou não contém) glúten.
Existem outras duas condições patológicas relacionadas ao glúten: a alergia ao trigo (cujos sintomas podem variar de uma simples urticária ou rinite até o choque anafilático) e a “sensibilidade não-celíaca ao glúten”. Essa última é definida como um conjunto de sintomas clínicos (dor abdominal, gases, diarreia ou constipação) em resposta à ingestão de glúten, que são aliviados quando ele é excluído da dieta. Apesar dos sintomas serem parecidos com aqueles da Doença Celíaca, a principal diferença dessa condição é que essas pessoas não possuem anticorpos antigliadina IgG e IgA, tornando o diagnóstico mais difícil.
Se você não tem nenhuma dessas condições citadas anteriormente (e é provável que não tenha, porque somadas elas acometem menos de 5% da população mundial), o glúten não é seu inimigo! Em relação aos argumentos de que ele é inflamatório ou “intoxica” o organismo e por isso deve ser evitado, preciso contar que acabei de consultar o Pubmed (principal plataforma de artigos científicos na área da saúde) e não encontrei nenhum artigo científico desde 2012 que comprove esse tipo de informação. Todos os artigos relacionados ao tema tratam das doenças citadas acima. E esse texto foi baseado em alguns desses artigos.
Se disserem que ele é ruim porque engorda, e que você precisa excluí-lo na dieta para sua barriga “secar”, eu explico: uma dieta realmente isenta de glúten é extremamente restrita em opções. Pense como ficariam suas refeições se você não pudesse comer pães, biscoitos, torradas, bolos, massas e ingerir bebidas fermentadas. Então você não emagreceria porque tirou o glúten, mas porque deixou de comer alimentos que normalmente poderia comer em quantidades exageradas. Essa prática não é recomendada e pode trazer prejuízos à sua saúde.
Emagrecer com saúde é muito mais simples e não exige proibições ou restrições radicais. Emagrecer com saúde requer que você aprenda a fazer escolhas e balancear as quantidades consumidas, de acordo com as suas necessidades. Procure seu nutricionista.
Arícia Motta Nutrição – Nutrição Esportiva baseada em Ciência
Post by: Ana Paula Nunes Bento
Excelente artigo ! Muito esclarecedor ! Obrigada.
Excelente Arícia! Como sempre, aliás!
A poucos dias eu comecei a perguntar entre conhecidos o porque de não comer glúten e não consegui obter nenhuma resposta satisfatória… até agora.
Obrigada, Debora!
Que bom que o artigo foi esclarecedor.
Obrigada!